# DÓLMEN de ARCA (Anta da Arca)

Local: Arca  | Concelho: Oliveira de Frades

O DÓLMEN DE ESPÍRITO SANTO DE ARCA (Pedra dos Mouros), na freguesia de Arca. É um dos mais belos dólmens da Beira. E dos mais conhecidos, até porque a sua fotografia tem aparecido a ilustrar alguns compêndios escolares. A tampa mede 4,2 m. de comprimento, por 3,2 m. de largura e está sustentada por três altos esteios (há restos de outros, partidos) a 4,5 m. do solo, permitindo, como diz Amorim Girão, “passar-se a cavalo por baixo e impedindo subir a ela sem auxílio de uma escada”.
A este monumento megalítico anda ligada a lenda de uma moura que teria erguido a pedra e ali guardaria tesouros, dos quais alguns gananciosos já tentaram apoderar-se, sem que o tenham conseguido, apesar das rezas do livro de S. Cipriano.
Datará de finais do século XIX a primeira referência existente sobre a “Anta da Arca”, erguida no Neo-calcolítico desta zona do actual território português. Deve-se esta menção a José Leite de Vasconcellos (1858-1941), então já na qualidade de director do Muzeu de Ethnologia Portuguez (MEP), que a menciona numa das edições da referencial revista da especialidade, O Archeologo Portuguez, em 1898, onde manifestava a intenção de a explorar, tal como sucedia noutros arqueosítios dos quais tinha conhecimento. Exploração essa que teria lugar apenas em 1921.

Foi classificada como Monumento Nacional pelo Decreto de 16 de Junho de 1910
A Anta da Arca está situada em Paranho de Arca, Arca (Oliveira de Frades), na EN230, entre Águeda e Caramulo, Km 48,5, acesso à esquerda em Paranho de Arca, cerca de 50 m de caminho de terra.

Planta da Anta da Arca desenhada por José Leite de Vasconcelos (1898). A câmara está aberta para o lado leste (E). Os símbolos “+” ou “++” indicam as pedras que sustentam a laje de cobertura.

História

A Anta da Arca é mencionada no Diccionario Geographico (1747-1752) de Luís Cardoso e também nas Memórias Paroquiais de 1758, onde é descrita como “hum grande Lapam de pedra groça suspensa no ar sobre outra tres pedras postas ao alto, que sam da mesma qualidade de pedra groça e muar”, e se indica que “tem por nome a Pedra da Arqua, e sempre conservou o mesmo nome the onde chega a memoria dos homens”.

Porém, a primeira menção científica ao monumento foi realizada por José Leite de Vasconcelos num artigo de 1898, publicado n’O Arqueólogo Português. Ali, Leite de Vasconcelos revela sua intenção de explorar a anta, o que ocorreria apenas em 1921.

Caraterísticas

Acredita-se que a Anta da Arca tenha sido construída no Calcolítico tardio.Trata-se de um dólmen com câmara poligonal irregular composta por cinco ou sete esteios (blocos verticais) e cobertura. Vários esteios estão já partidos, o que dificulta a interpretação da estrutura original, mas três dos esteios estão completos e sustentam uma grande laje (tampa ou mesa) a cobrir o espaço interior. A câmara é de grandes dimensões, medindo 4,5 m de comprimento, 3,75 m de largura e 2,65 m de altura. A laje apoiada pelos três esteios tem bordas arredondadas e mede 4,20 m de comprimento e 3,20 m de largura, aproximadamente.

A Anta da Arca tem a particularidade de não ter corredor e ser desprovida de mamoa, o que a torna diferente dos dólmens da Beira Alta. Na região, apenas se observa um dólmen desprovido de corredor na Anta de Pera de Moço, no Concelho da Guarda. É possível, porém, que a Anta da Arca tenha tido primitivamente um corredor e que as pedras do mesmo tenham sido perdidas e reaproveitadas em construções vizinhas.

Lenda

Segundo uma lenda, a anta foi construída por uma moura encantada, que chegou ao local carregando a pedra da laje sobre a cabeça enquanto fiava.
A moura aparece na Noite de São João exibindo um tesouro de objetos de ouro, que se encontra escondido na anta. Aqueles visitantes que admirem mais os objetos de ouro que os olhos da moura são transformados em pó. Conta-se também que o tesouro da anta pode ser obtido rezando a São Cipriano, mas que as tentativas de consegui-lo falharam. O motivo folclórico de uma moura sobrenatural que constrói e habita dólmens, incluindo o detalhe da roca de fiar, é uma tradição de origem medieval muito popular em Portugal, Galiza e outras regiões da Península.